Há muito o que fazer em Roraima já que o estado guarda grandes riquezas naturais, como: serras, montes, floresta, rios, igarapés e cachoeiras. Além da possibilidade de imersão nas culturas indígenas.
Roraima ainda recebe mais o turismo regional, mas tem grande potencial de expansão na área do turismo comunitário, de aventura, sustentável, etnoturismo e ecológico. Sendo essa inclusive uma das alternativas econômicas ao garimpo exploratório e ao agronegócio.
O ponto turístico mais conhecido do estado é o Monte Roraima, cuja a travessia não é tão simples, mas é um sonho e um desafio a ser batido para muitas pessoas até mesmo da região.
Para quem não sabe, em Roraima há muitas áreas de conflitos e disputas por territórios entre comunidades indígenas, garimpeiros, agricultores e pessoas que dizem querer levar o “desenvolvimento” para essas terras. Assunto complexo demais para esse post, mas é bom ter esse conhecimento.
Onde fica Roraima?
Roraima é um estado brasileiro localizado ao extremo Norte do país. Ele faz fronteira com a Guiana Inglesa e com a Venezuela. O que permite um grande intercâmbio cultural e que você conheça esses outros países também durante a sua viagem à região.
Quando ir a Roraima?
Não há grandes variações de temperatura durante o ano, sendo na maior parte do tempo calor. O que conta mais para quem está a passeio pela região é o período chuvoso.
Geralmente, no Norte do Brasil, são consideradas duas estações climáticas: o verão e o inverno. O inverno é quando chove e o verão é o período mais seco.
As alterações climáticas não permitem mais que se afirme que uma época vai ou não ter chuva. Antigamente a época seca ia de outubro a março, mas faz dois anos que não tem verão de verdade por lá. Eu, por exemplo, fui no começo de fevereiro e peguei chuva todos os dias.
O que fazer em Roraima?
Em Roraima, é possível conhecer a capital Boa Vista – que é uma cidade planejada e localizada acima da Linha do Equador.
Se encantar com as paisagens do Uiramutã, da Serra do Tepequém, de Campos Novos, da região do Apiau, do Cantá e de Normandia.
Conhecer as comunidades de Pacaraima e fazer a travessia com a fronteira da Venezuela para viver a experiência de subir os montes Roraima e Caburaí.
Ainda vale ir a Lethem, na Guiana Inglesa, fazer compras e fazer passeios para conhecer as belezas naturais da Venezuela, como a Gran Sabana.
Viajar por Roraima não é assim tão fácil, então, acho que uma das possibilidade de conhecer a região é fechando passeios com as agências de turismo locais. Eu não fiz, mas conheci a Caburaí Adventure e a Clube Native e as recomendações delas são ótimas.
O que fazer em Boa Vista?
Boa Vista é a capital de Roraima e a minha impressão foi de uma cidade limpa, organizada, bem estruturada e muito quente – tem até ar-condicionado em algumas paradas de ônibus.
Disseram que a parte da segurança já foi melhor, mas foi uma das capitais brasileiras que eu me senti mais tranquila em relação a assaltos.
Por outro lado, não estava tão sossegada em relação ao assédio masculino que era bem constante (outro assunto polêmico, pois creio que a objetificação da mulher venha muito da cultura do garimpo bastante presente na região).
Onde se hospedar em Boa Vista?
Acredito que o melhor lugar para se hospedar em Boa Vista seja nas proximidades do centro cívico, pois dali você consegue visitar todas as atrações com facilidade.
Fiz minha reserva pelo Booking, mas não é tão fácil achar informações na internet. O lugar em que me hospedei não tem nome, mas eu gostei muito pela localização, limpeza e atendimento.
Os preços colocando custo x benefício não são baixos como eu imaginava e tive dificuldade em achar um hostel. Uma outra forma de buscar um local para dormir em BV é buscando pelo Airbnb.
Onde comer em Boa Vista?
Vale destacar alguns locais para comer bem em Boa Vista, mas antes de ir até eles, é importante olhar os dias e os horários de funcionamento.
Eu gosto de tomar café da manhã no Barracão do Poeta que tem opções bem saborosas e serve X-Caboquinho. Uma alternativa econômica para fazer a refeição é o Sesc.
A Peixada Tropical traz a culinária tradicional e o Peixe à Delícia como um dos pratos famosos da casa.
O Recanto da Peixada é bem grande e tem opções que eu achei em conta, ainda mais considerando que eu estava sozinha e os pratos executivos eram ótimos. Tem costela de tambaqui que eu amo!
Acho que a vantagem do Riu Restaurante, além de ser na orla, é que ele tem opção de self-service, o que permite que você experimente um pouco de cada iguaria.
Como se locomover em Boa Vista?
Em Boa Vista, o Uber e o 99 estão disponíveis, mas em alguns momentos o melhor é usar o aplicativo inDriver para ter mais opções de preços e disponibilidade de motoristas.
Outra forma comum de se locomover por BV é de táxi coletivo e mototáxi. Os valores são fixos e os veículos ficam circulando pela cidade em busca de passageiros. Há ainda os ônibus de linha e eu andei bastante a pé já que estava hospedada no centro.
Principais atrações de Boa Vista:
Às margens do Rio Branco há uma área bastante agradável que conta com o Parque Rio Branco, o Mirante Edileusa Lóz e a Orla Taumanan (paz em Macuxi). Um ótimo passeio!
Na Orla Taumanan, e nos seus arredores, há bares, lanchonetes e restaurantes. Além de atrações como o Centro de Artesanato, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo e o Monumento aos Pioneiros.
Outro ponto que vale a visita em Boa Vista é praticamente um corredor de praças. Começa na Praça da Cultura, passa pela Praça das Águas e pelo Complexo Poliesportivo Ayrton Senna da Silva e vai até o Parque Anauá. No caminho há praças de alimentação, local de práticas esportivas, bares, parquinhos e monumentos.
Na Praça do Centro Cívico e no seu entorno estão atrações, como: o Monumento ao Garimpeiro, a Catedral de Boa Vista, o Palácio do Governo de Roraima, a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Justiça do estado.
Um pouco mais distante do centro dá para se refrescar e conhecer o Lago do Robertinho, o Igarapé Água Boa e o Igarapé Santa Cecília. No período da seca (de outubro a março) saem barcos do Porto do Babazinho para a Praia Grande.
O que fazer no Uiramutã?
Uiramutã é o município com o maior proporção de população indígena do Brasil – 88,1%, segundo o Censo (2010). Ele faz fronteira com a Venezuela e a Guiana Inglesa, mas se quiser conhecer esses países aqui não é o melhor ponto de travessia, pois tratam-se de áreas de garimpo.
As paisagens são incríveis com montes e serras, rochas, cachoeiras, corredeiras e rios. A vegetação me chamou muita atenção por ter um estilo rasteiro, mais de savana. O Monte Caburaí e o Monte Roraima fazem parte do Uiramutã.
Como chegar ao Uiramutã?
O Uiramutã está a cerca de 315 km de Boa Vista, porém o tempo que você vai levar para fazer o percurso vai depender da situação da estrada que em grande parte é de terra.
Geralmente, são gastas de 8 a 10 horas, mas dizem que tem quem faça em menos tempo. Quando fui a estrada não estava boa e demorou bastante tanto na ida quanto na volta.
A forma mais barata, depois da carona, é ir de Boa Vista ao Uiramutã de ônibus com a Uiramutã Transportes. O veículo sai da Rodoviária Internacional de Boa Vista às 7h.
Dias de saídas do ônibus:
- Boa Vista – Uiramutã: terça, quinta, sábado e domingo
- Uiramutã – Boa Vista: segunda, quarta, sexta e domingo
Bom saber que o ônibus não é como de viagem tradicional, ele não é limpo e confortável, e faz paradas no trajeto e algumas vezes vão pessoas em pé.
Você pode ainda fechar o passeio completo com alguma agência de viagem, como a Caburaí Adventure e a Clube Native, ir de carro privativo ou transfer.
Onde se hospedar no Uiramutã?
Não há muita opção de hospedagem em Uiramutã se você for fazer uma busca pela internet. A Pousada mais conhecida e que eu acredito ser a com melhor estrutura é a Pousada Uiramutã. Há ainda uma opção mais barata que é o Camping Uiramutã com opção de acampamento e redário.
Eu fiquei em um alojamento de passagem e na casa de uma amiga, então, não tenho uma avaliação real sobre nenhuma hospedagem.
Território Indígena
É importante entender que as terras no Uiramutã são demarcadas e as atrações com potencial turístico estão em território indígena. Portanto, existem os locais que podem ser acessados, com o pagamento de taxas, e outros que não são abertos à visitação.
Essa é uma forma de proteção e resistência das comunidades locais que lutam contra o garimpo, o agronegócio e a influência de pessoas que dizem que querem levar o progresso a eles sem considerar os seus interesses.
Por isso, apesar de ser uma alternativa para a economia local, há um conflito sobre a expansão do ecoturismo e do etnoturismo na região. Muito porque é preciso realizá-lo de maneira comunitária, tendo como pontos-chave: o respeito e o favorecimento dos povos originários, a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade.
Principais Atrações do Uiramutã
As cores e a limpeza das cachoeiras vão depender bastante do clima, do volume das chuvas e das atividades do garimpo. Não recomendo acessar esses pontos sem alguém da região.
- Urucá e Urucazinho: as duas quedas são próximas e suas águas tem um tom esverdeado. O cenário é belíssimo!
- Cachoeira Sete Quedas: como o nome já diz, essa cachoeira possui sete quedas e você pode escolher qual te agrada mais para aproveitar.
- Corredeiras do Paiuá I e Paiuá II: são as que possuem o acesso mais fácil e estão mais próximas a sede do município.
- Rio Contigo: esse curso de água nasce no Monte Roraima.
- Cachoeira da Andorinha e Garã-Garã: são cachoeiras espetaculares, mas que estão em território fechado. Só consegui ir até uma delas por estar com um indígena bastante conhecido na região.
A minha experiência pelo Uiramutã foi bastante especial e profunda. Fui ao município com o Secretário do Turismo e Meio Ambiente e tive a oportunidade de conversar com muitos administradores públicos. Visitei comunidades indígenas, convivi com moradores da região e com pessoas que vieram de fora em busca de oportunidades de trabalho e de aprendizado.
Sede do Uiramutã
Uiramutã é formado por várias comunidades indígenas e em sua sede estão órgãos administrativos, hospedagem, restaurantes, mercados e mais. Dali partem os passeios e é a base para conhecer a região.
O que fazer em Tepequém?
A Vila de Tepequém faz parte do município de Amajari e é mais um lugar com paisagens incríveis em Roraima.
A serra sofreu impactos naturais negativos durante décadas com a exploração descontrolada do garimpo e é possível ver as marcas desse período por toda parte.
Com leis ambientais mais rígidas, o turismo surgiu na região como uma atividade econômica mais sustentável. Interessante notar como a natureza se reinventa e nós, que fazemos parte dela, também.
Como chegar ao Tepequém?
São cerca de 210 km de Boa Vista a Tepequém. Apesar do caminho ser asfaltado, haviam partes que não estavam em boas condições quando estive por lá acredito que por conta do alto volume de chuvas. A viagem dura aproximadamente 3 horas.
Quem opera a linha de ônibus de Boa Vista a Tepequém é a NJ Turismo. A saída é da Rodoviária Internacional de Boa Vista e o ônibus deixa e pega os passageiros nas pousadas – se ela estiver dentro da rota.
Datas e horários de saídas dos ônibus de Boa Vista para Tepequém:
- Segunda e quarta-feira às 15h
- Sábado às 7h
Datas e horários de saídas dos ônibus de Tepequém para Boa Vista:
- Quarta às 5h
- Sexta às 7h
- Domingo às 15h
Você pode ir a Tepequém também com algum passeio ou por meio de táxi privativo ou compartilhado. Além de carro particular.
Onde se hospedar no Tepequém?
Vou colocar aqui algumas indicações de hospedagem, pois não é tão fácil achar informações sobre elas na internet.
- Pousada Estalagem da Serra
- Pousada Tepequém
- Sesc Tepequém
- Pousada Platô
- Pousada Lauro Gondim
- Camping Picuá
- Pousada PSJ
- Pousada Sossego
- Canto das Araras
Eu fiquei na Estalagem da Serra e gostei bastante! Achei limpa, confortável, com um ótimo atendimento e localização.
Principais Atrações da Serra do Tepequém:
Como em outros destinos que envolvem trilhas e natureza, eu recomendo que os passeios sejam feitos com guias da região principalmente viajando sozinha. Peça indicação, veja os roteiros e os valores que cada um oferece!
- Trilha até o Platô da Serra do Tepequém que acredito que seja a principal atração.
- Poço Esmeralda: local em que já foi um garimpo e que tem a água esverdeada.
- Cachoeira do Paiva: além de local de banho, há mirantes e é próxima a vila.
- Mão de Deus: local para tirar aquela foto para o Instagram e se conectar com a floresta.
- Cachoeira Laje Verde: o acesso pode ser difícil quando chove muito, mas é bonita.
- Cachoeira do Barata: a que eu mais gostei para o banho porque estava tranquila.
- Tilim do Gringo: o canal foi aberto por garimpeiros para mudar o curso do igarapé. Ainda é possível ver os buracos para a colocada de dinamites.
- Cachoeira do Sobral: fui na parte de cima dela e o visual é bem legal.
- Cachoeira do Cupim: tem acesso fácil pela estrada.
- Poção: são como poças grandes de água e fica bem perto da vila.
Toda a minha viagem por Roraima foi de bastante aprendizado e no Tepequém não poderia ser diferente. Aqui eu tive contato com garimpeiros e pesquisadores que são contratados para localizar e mapear áreas que podem vir a ser exploradas. Hoje eu entendo melhor a complexidade da atividade e quem realmente lucra com ela.
O que fazer em Lethem – Guiana Inglesa?
O principal atrativo de Lethem são as lojas de chineses, numa vibe Rua 25 de Março ou Ciudad del Este, no Paraguai, mas numa versão mais tranquila.
Para mim, os preços eram ok, com algumas coisas baratas. Na verdade, eu não sou muito das compras, principalmente de réplicas, então, não comprei nada.
O real é aceito em todas as lojas, então, não precisa se preocupar em trocar o dinheiro. Os estabelecimentos contam com wi-fi e minha internet da Claro pegava em alguns pontos da cidade.
Uma coisa bem interessante é reparar na arquitetura das casas num estilo mais europeu e ter que lidar com a mão inglesa no trânsito.
Em Lethem, há aeroporto e rodoviária em que é possível pegar facilmente algum transporte para a capital do país GeorgeTown. Não é necessário visto, mas se você for viajar pelo país, é preciso ter um passaporte válido!
Como ir de Boa Vista a Lethem?
Lethem fica na Guiana Inglesa e está a 125 km de Boa Vista. A cidade faz fronteira com Bonfim/RR e fica a cerca de 1h30 da capital.
Há ônibus que saem diariamente de Boa Vista para Bonfim, às 16h30, operados pela Amatur. A saída do ônibus de Bonfim para Boa Vista é às 7h. Por isso, para quem quer fazer um bate e volta, essa não é a melhor opção.
Existe um terminal de táxis lotação, eu esqueci o nome que eles usam lá, mas está como Terminal de Integração no Google Maps. Dali saem os carros até o Bonfim e outras partes do estado – até mesmo para Venezuela. Se você tiver o contato dos motoristas, eles pegam o passageiro em casa.
A parte ruim, é que se você não quiser fechar um carro particular, vai depender da lotação do veículo. Recomendo fazer a viagem pela manhã, no horário em que mais pessoas vão fazer o percurso.
Na volta, você pode pegar um táxi de Lethem a Bonfim e o motorista vai te deixar no ponto certo para pegar o transporte de volta a Boa Vista.
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